OBJETIVO DO BLOG

Este blog tem por objetivo orientar os pais que possuem filhos entrando ou vivenciando a adolescência. De orientar também os professores que lidam com eles diariamente,para que possam compreender suas dificuldades e ajudá-los ainda mais, pois, esta é uma fase complicada na vida dos jovens e, muitos pais e professores não sabem como agir diante de certas atitudes desses jovens. Pais e professores encontrarão aqui informações de médicos, psicólogos e teóricos sobre a educação dos adolescentes.

segunda-feira, 28 de maio de 2018

A GRANDE MUDANÇA


Desde os primórdios da humanidade, os banhos nunca foram diários. Os povos nômades precisavam de um rio e tempo quente para se banharem. Na antiguidade, com a formação das cidades e a aproximação das pessoas a higiene melhorou um pouco e os banhos passaram a ser públicos e semanais. 

E foi assim por muito tempo. Mas, um fato sério ocorreu na Idade Média, a partir do século XIV.

A Europa foi assolada por uma pandemia durou por volta de 50 anos. A peste bubônica (ou peste negra, como ficou conhecida) não escolhia ninguém para atacar. Ricos e pobres, nobres e plebeus estavam sob a mira da peste.

Sem saberem mais o que fazer para dar um fim a esta pandemia, os médicos culparam a água de ser o agente transmissor dos efeitos nocivos da doença que assolavam as populações. Diziam que os corpos molhados pelos banhos quentes ou mornos abriam os poros, facilitando a entrada dos bacilos transmissores. E recomendavam que os banhos fossem evitados.


Isto se tornou num grave problema para a aristocracia e classes mais abastadas. Para resolver este problema, os aristocratas inventaram uma forma de driblar a sujeira corporal e manter a boa aparência sem usar a água.  A solução foi misturar algumas ervas. E inventaram os cosméticos que eram usados no rosto, colo e mãos.
Com a sujeira provocada pela falta de banho, os cabelos viviam infestados por piolhos e eram escondidos pelo uso de perucas. Para evitarem as famosas “coceiras” passavam desinfetantes e purificadores. O povo, infelizmente, se acostumou com a sujeira. E este costume permaneceu por uns três séculos após a pandemia ter sido debelada.

Com a rebeldia das mulheres com relação a amamentação, elas também se rebelaram contra a sujeira corporal. Passaram a cuidar do corpo, dos cabelos, das roupas e do ambiente. Nascia uma nova mulher e com ela, uma revolução nos costumes.

Com a chegada da nova era, uma nova concepção de corpo e de seus cuidados foi criada. Foi uma verdadeira revolução dos costumes, não só do corpo, mas do ambiente também. Cresceu o interesse pelo banho semanal e pela troca mais frequente das roupas íntimas. Surge, então, os cuidados (quase obsessivos) com o corpo e com o ambiente. E estes costumes passaram a ser fundamentais.


Até este momento, a beleza natural era o que definia uma pessoa da outra. A partir do século XVII, surge o primeiro padrão de beleza reconhecido mundialmente. Ser bonita era ter um corpo roliço, formas suaves, quadris largo e seios fartos conquistados com boa alimentação, possuir uma gordura saudável que, aliás, era atributo dos mais abastados. A pele devia ser branca, tida como símbolo de pureza, de castidade, de feminilidade.
A magreza, as peles mais escurecidas pelo sol, marcas de cicatrizes na pele do rosto eram sinônimos de feiura, de pouco saudável, sinal de pobreza e de descuido. Esse modelo de beleza física e feminina era espelhado no Renascimento. Assim, todas as mulheres daquela época queriam ou se esforçavam para serem belas e mostrarem-se com ares saudáveis para se encaixarem dentro.

O uso de pinturas faciais e o uso de cremes ajudava nessa diferenciação entre as próprias mulheres, deixando evidente o gosto e a personalidade de cada uma. E a partir de então, as mulheres passaram a ser “escravas” dos padrões de beleza. Não mediam esforços, nem sacrifícios para serem consideradas belas. Por exemplo, ficavam várias horas ao sol com o rosto, colo e braços cobertos para clarear os cabelos. Outras, arrancavam no todo ou em parte as sobrancelhas e os cílios, para desenhá-las mais finas com um lápis de carvão, porque os cílios e sobrancelhas grossas era considerado antiestético. As magras comiam loucamente para que ficassem mais roliças e as obesas, deixavam de comer. Todas queriam melhorar sua aparência e corrigir ou contornar os defeitos reais ou imaginários.


AJUDA OU PROBLEMA?
O uso dos cosméticos foi uma salvação e também um problema para as mulheres, principalmente, para as das classes mais pobres. As mais ricas encomendavam perfumes e cosméticos nos boticários (químicos da época). Mas as pobres não tinham dinheiro para isso e também queriam ser consideradas belas. E por que não?
As mulheres mais pobres faziam cremes caseiros. Misturavam uma porção de ervas e outras substâncias com elas faziam uma pasta. No entanto, usavam ervas ou substâncias, algumas nocivas, que reagiam quimicamente entre si ou em dosagens muito maiores que o indicado. O resultado eram queimaduras, sérias alergias, cicatrizes feias, manchas nos dentes etc. E o que era para ficar bonito, acabava ficando feio e, muitas vezes, para sempre.

Lógico que a Igreja e a Medicina interferiram novamente. A Medicina afirmava que a maquilagem “tirava a humanidade do rosto das mulheres”. E a Igreja afirmava de que as mulheres ficavam “irreconhecíveis aos olhos de Deus”. Para explicar o despreparo nas misturas de substâncias e a necessidade de se sentirem belas, a Igreja passou a afirmar que “estas misturas eram coisas diabólicas e preparadas com rituais de feitiçaria”, por isso, em vez de embelezar marcavam as mulheres com a feiúra. Por isso, conhecemos as bruxas desta forma:


Outra mudança radical se refere ao vestuário. Se desde os primórdios o vestuário femininos eram muito parecidos. Agora as vestes passavam a valorizar os contornos femininos. A partir deste momento, as mulheres passam a se vestir para agradar a si mesmas. Outra forma de rebeldia ou formação da autoestima? Quem sabe? O fato é que a vaidade feminina fora despertada. E mais uma vez, as mulheres se tornam “escravas” dos modismos. As mulheres passaram a se vestir com mais elaboração e cuidado embora houvesse um padrão a ser seguido e que era respeitado por todas.


Essas mudança vão além da beleza física e da moda. Ela atingiu também o comportamento feminino e a maneira de pensar das sociedades. Como comportamento, o fato de se sentirem belas refinou os gestos e os movimentos que passaram a ser mais leves, delicados e harmoniosos. O que era visto com “encantamento ou feitiçaria” contra a população masculina.

fonte: imagens Google

segunda-feira, 21 de maio de 2018

UMA NOVA FORMA DE HERESIA

Indiano pedindo graças divinas

Desde as épocas mais remotas, os seres humanos tentaram controlar a natureza de alguma maneira. Para esse controle faziam rituais a um Ser Divino (fosse ele qual fosse) onde pediam a essa divindade que os ajudasse, como parar de chover ou que chovesse quando o tempo estava muito seco, que a colheita fosse farta etc. A magia estava entre esses rituais e esteve presente em várias partes do mundo e sendo aceita e respeitada por muitos séculos.


Ìndio Kaiapo e o fogo sagrado

Porém, no gelado norte europeu, vivia um povo pacífico e dado a questões intelectuais, mas que não fugia da luta quando se fazia necessário. Esse povo eram os Celtas.
Território Celta

Seus domínios eram vastos e compreendia a região onde hoje é a Irlanda, a Inglaterra, o País de Gales e a Escócia. Um povo que valorizava e respeitava muito as mulheres fossem como mães, esposas, guerreiras ou assumindo papéis de destaque na sociedade como, por exemplo, Sacerdotisas. Por isso, diferente da maioria dos povos europeus, tinham uma sociedade matriarcal. Ou seja, uma sociedade onde homens e mulheres tinham os mesmos direitos, inclusive em caso de defesa do seu território homens e mulheres lutavam lado a lado e com a mesma bravura.


 
As três fases da Grande Mãe Celta: a Virgem, a Mãe e a  Velha Sábia.

Como religião, praticavam um culto dedicado à Grande Mãe, que consideravam como o “útero da criação”. Essa deusa era representada simbolicamente pela Lua. Acreditavam que em suas fases, a Lua ou a Grande Mãe, guardava os segredos e mistérios da energia e da intuição feminina. Para os Celtas, a Lua Crescente era a personificação da Virgem, por ser jovial, alegre e deslumbrante como todas as jovens são. A Lua Cheia era a personificação da Mãe, por ser meiga, gentil e carinhosa. A  Lua Minguante, era a personificação de uma Velha Sábia por ser poderosa, firme, conselheira e conhecedora das ervas que curavam todos os males do corpo e da alma. A Lua Nova, mais escura, o tempo do luto, do recolhimento e do autoconhecimento. 


Cornífero

Como deus solar, masculino, corajoso, que trazia o pensamento lógico, a fertilidade, a saúde e a alegria cultuavam a CORNÍFERO. E ambos, reinavam no campo espiritual para completar os ciclos da natureza.


Rituais de magia

No culto a esses deuses, realizavam rituais de magia baseados no universo da imaginação popular. Preparavam grandes porções de infusão de ervas curativas que eram usadas se... e quando alguém precisasse. Esses remédios eram preparados e passados de geração a geração pelas mulheres mais velhas e em noites de Lua Cheia.

Os Druídas

Os druidas, a elite intelectual entre as tribos Celtas, resolveu que deveria controlar todas as tribos e transformar a sociedade matriarcal em patriarcal, como acontecia no restante da Europa. Houve muitos desentendimentos entre as tribos e por causa disto, acabaram enfraquecidas. Dessa maneira, os Druidas conseguem expulsar os seus contrários e dominar seus aliados.

Ao deixarem suas terras, o povo se espalham por toda a Europa. Algumas tribos ocupam o sudoeste da Itália e a região da Britânia, na França, enquanto outros vão para outros lugares. E nessa mudança, levam consigo sua cultura e suas tradições. E por quase dois mil anos, viveram em paz e em perfeita harmonia com os habitantes de todos os lugares onde fincaram raízes.


Preparo de poções medicinais

Na época das grandes epidemias, as anciãs celtas eram procuradas devido aos conhecimentos de anatomia que possuíam e dos remédios que faziam. Foram enfermeiras, parteiras e conselheiras dos camponeses pobres que não podiam pagar um “profissional habilitado”. Essa prática era chamada de WICCA.


Inquisidores da Igreja

Mas quando o Tribunal da Santa Inquisição foi instituído, o clero que, até então não se manifestava contra as práticas mágicas dos descendentes celtas, resolveu incluir suas práticas como heresia.

Para influenciarem o povo, mais uma vez criaram uma imagem deturpada do que realmente acontecia. Era uma propaganda contra os descendentes celtas, acusando as anciãs de praticarem “rituais de bruxaria”. Mais tarde, já eram as mulheres adultas e jovens numa ação verdadeiramente xenofóbica. Eram presas, culpadas sem julgamento e condenadas a morrer na fogueira em praça pública. Milhares eram condenados e queimados durante o ano.



Não satisfeitos, solteironas, viúvas, qualquer mulher que não dependesse economicamente de um homem, pessoas doentes, deficientes físicos, doentes mentais ou apenas por suspeita sem fundamento, eram condenados e mortos na fogueira. As falsas denúncias eram, geralmente, feitas por pessoas que tinham alguma desavença, indicadas por algum inquisidor ou por um inquisidor que tinha como objetivo ficar com os bens da pessoa denunciada. Há registros de que depois de mortos os bens eram divididos entre os inquisidores. Comprova-se ainda que o clero, além de manipulador de dados, fatos e sociedades inteiras, de corromper de acordo com seus interesses, de serem corrupto e machistas, eram também misogênico, xenofóbico, preconceituosos, discriminatórios e avarentos. E assim se passaram muitos séculos.

quarta-feira, 9 de maio de 2018

OS REFLEXOS DA MISOGINIA (cont).

5- O PATER FAMÍLIAS

Um novo código governamental fez com que as mulheres tivessem um novo golpe em sua liberdade: o PATER FAMÍLIAS. Por esse código, os homens se tornavam definitivamente o “chefe do lar”.

De modo simplificado, ser o “chefe do lar” significava que as mulheres e filhos passavam a ser propriedade dos pais ou dos maridos e que eles tinham pleno poder sobre a vida ou a morte das mulheres e dos filhos, caso cometessem uma falta grave.

O pater famílias também aumentou a idade da maioridade dos filhos de de 17 para 25 anos. Com esse aumento da maioridade, os filhos e filhas ficavam mais tempo sob a influência dos pais.

O pai ou os maridos administravam tudo (do andamento da casa, da educação e dos bens familiares), cabendo às esposas a obediência das ordens do marido.

No século XVI, em 1593, por um DECRETO DO PARLAMENTO FRANCÊS, as mulheres francesas perderam o direito opinar, de dirigir negócios ou instituições e de participar da política local. Como obrigações sociais, as mulheres voltavam a condição de serviçais dos maridos, da casa e dos filhos. Vale lembrar que naquela época, o que acontecia num país era copiado por todos os outros países.

6-  A MEDICINA

A Medicina também contribuiu para a desvalorização das mulheres. Ao longo dos tempos, sempre houve quem cuidasse dos doentes, que conhecessem ervas naturais que agiam como remédios etc.


Qualquer doença, mesmo as mais simples como uma febre ou dor de garganta, era curada com as famosas “sangrias”, ou seja, deixava-se o sangue escorrer do corpo por meio de um corpo numa das veias do braço. Isto porque os conhecimentos sobre os corpos humanos e de alguns sintomas eram muito pequenos. Conhecia-se pouco o corpo humano por dentro. E os estudos feitos até então, eram realizados com cadáveres. Portanto, não conheciam o funcionamento dos órgãos. E somente eram permitidas as dissecações em corpos masculinos, retratados pinturas de pintores  famosos.

 Portanto, não conheciam os corpos ou os órgãos femininos. Tanto a Medicina como a Igreja acreditavam que os corpos femininos eram obscuros, enigmáticos e cheios de mistérios no qual Deus e o Diabo tentavam conquistá-lo. Daí ,a proibição da dissecação.

Do corpo feminino, os médicos conheciam apenas a “madre”, nome dado ao órgão que gerava a vida humana, ou seja, ao útero (como é conhecido hoje). Para eles, a madre era um receptáculo sagrado com a função da procriação. Um lugar onde Deus fazia frutificar a vida que o homem colocava na mulher. No entanto, por serem frágeis e vulneráveis às ações demoníacas e por não poderem gerar sem a participação do homem, as mulheres estavam sujeitas a várias doenças como a angústia, a histeria, a loucura, a ninfomania.


7- A HERESIA

No final da Idade Média Clássica e na etapa seguinte, a Igreja Medieval se reergueu novamente e se firmou como uma grande e influente instituição. A autoridade do Papa e de seus representantes voltou a ser indiscutível e suas decisões eram aceitas, apoiadas e rapidamente aplicadas pela sociedade masculina. 

Arquitetonicamente, as Igrejas Medievais eram belíssimas. Por dentro, enfeites nas paredes e altares, candelabros e instrumentos religiosos feitos em ouro maciço. Pura ostentação de seu poder. 

Assim como a misoginia nada tinha a ver com as práticas religiosas ou da doutrina cristã, o reerguimento da Igreja também não tinha. O motivo dessa “volta por cima” da Igreja estava baseado nos interesses particulares dos membros da Igreja, que era o de conseguir o maior número de terras e riquezas possíveis. E para isso, precisavam arrebanhar e influenciar o maior número de pessoas que colaborassem nessa conquista, por meio de doação de privilégios.

Mas, mesmo com toda a diplomacia do clero, uma parte da população arrebanhada, passou a desconfiar e a discutir os propósitos pelos quais a Igreja ficava cada vez mais rica, enquanto a população ficava cada vez mais pobre. A população vivia de modo miserável mesmo.

A Igreja percebeu isso e passou a usar uma prática chamada HERESIA, ou seja, é quando uma pessoa (ou um grupo) expressa uma ideia contrária sobre a doutrina. Mas não era isso que estava acontecendo. As pessoas não estavam contra a doutrina, mas a forma como a Igreja vinha acumulando suas riquezas.

Para evitar que o povo não se manifestasse contra o que a Igreja estava fazendo, os chefes da Igreja mandavam prender essas pessoas. As cadeias estavam ficando lotadas e as pessoas continuavam criticando. Sinal que somente a prisão não estava surtindo efeito. Os padres então permitiram que os presos fossem torturados para servir de lição aos outros. Depois os soltavam. Mas também não resolveu.

Era preciso uma atitude decisiva, que impusesse medo e respeito indiscutível à Igreja. Então, o Papa e seus representantes resolveram criar uma espécie de tribunal para julgar esses casos. E esse tribunal foi chamado de “Santa Inquisição”.


Esse tribunal, formado por bispos, arcebispos e duas ou três pessoas influentes da Igreja (claro), que percorreria toda a Europa quando alguém era denunciado e sua função era a de investigar, julgar e punir os culpados.

Mas não era isso o que ocorria. Mesmo se declarando inocência e explicando com todas as letras os motivos pelos quais não deviam estar presos, as palavras do preso eram deturpadas ou modificadas a favor da Igreja. Isto quando o sujeito tinha a chance de se explicar.

Algumas das muitas formas de tortura aplicadas aos hereges.



Muitos sofreram tantas torturas que confessavam qualquer coisa, apenas para se livrarem das dores. Outros tantos, mesmo confessando-se inocentes eram julgados porque inventavam provas ou por qualquer outra coisa. Ninguém saia livre desse tribunal. E a punição era sempre o confisco dos bens e a morte do denunciado.
E desta vez, o povo ficou com medo. Claro, não é mesmo? E as práticas da heresia continuavam fazendo novas vítimas, agora, como norma da Igreja.


Essa prática chegou a tal ponto, que bastava um pequeno deslize (por exemplo, fazer um chá de uma erva desconhecida pela maioria e dada a um doente) ou uma conduta incompreendida (como dar de comer ou recolher um gato preto ou tê-los como animais de estimação) para que homens e mulheres fossem denunciados hereges por familiares, vizinhos ou pessoas amigas.