OBJETIVO DO BLOG

Este blog tem por objetivo orientar os pais que possuem filhos entrando ou vivenciando a adolescência. De orientar também os professores que lidam com eles diariamente,para que possam compreender suas dificuldades e ajudá-los ainda mais, pois, esta é uma fase complicada na vida dos jovens e, muitos pais e professores não sabem como agir diante de certas atitudes desses jovens. Pais e professores encontrarão aqui informações de médicos, psicólogos e teóricos sobre a educação dos adolescentes.

sábado, 29 de dezembro de 2018

O TRABALHO, A VIDA E AS PRESSÕES DO SÉCULO XIX



Apesar de terem conseguido alguns direitos por conta das manifestações, o trabalho continuava na mesma: muitas horas, salários baixos, patrões autoritários e exploradores. E o voto feminino custava a não ser permitido e as mulheres e suas famílias foram pressionadas de todas as formas.

Aos poucos, as mulheres começaram a perceber que a vida familiar e a vida profissional pareciam não combinar. E sobreviviam às custas de um sobre o outro de forma que, ou trabalhavam e se descuidavam da família ou ocorria o contrário. Desanimadas com a situação, a vida ia sendo pouco a pouco delimitada.


As pressões (urbanas, econômicas, científica, institucional e trabalhistas) modificaram as populações tornando-as mais flutuantes e os matrimônios passaram a ser regidos por essa flutuação. Porém, a sociedade de mercado se tornou mais efervescente e liderada por empresários arrojados que faziam de tudo para atingirem novos patamares rumo a um futuro promissor. Mas não era nada fácil. Houveram muitos espinhos, dores, tragédias e muita sujeira também. As mulheres, esperançosas, ansiavam por esse futuro. Um mundo idealizado que custava a chegar.

E enquanto esperavam criava-se um novo sistema de pensamento influenciado pela Psicanálise de Sigmund Freud, cujo centro era o sexo e a sexualidade. E com esse pensamento surge a grande mudança progressiva no comportamento, mas que só se verificou no século XX.

O primeiro comportamento mudado lentamente foi a criação de mentalidade sobre a família e da relação conjugal. Por meio dessa conscientização os filhos se ligavam aos pais e aos irmãos pela biologia e pela hereditariedade. Com esse novo modo de pensar, a família passou a ser entendida como uma instituição indestrutível, enquanto o casamento, podia acabar a qualquer momento já que não havia laços sanguíneos envolvidos entre maridos e mulheres.


O casamento dentro desse novo conceito cultural, religioso e sexual adquiria um conceito mais amplo e moderno: o de união estável. Portanto, desde que duas pessoas (de sexos iguais ou diferentes, legalmente casados ou não) que vivessem diariamente sob o mesmo teto numa relação afetuosa e amorosa, esta relação podia ser chamada de casamento.

Os filhos bastardos deixaram de existir, porque os pais passaram a assumir as suas responsabilidades extraconjugais. Além do mais, as mães sempre ficavam mais oneradas fosse pelo abandono do lar ou pela “desonra” de ter um filho “bastardo”. Além da morte natural, só o desquite permitia uma demanda investigatória de paternidade.

A segunda grande mudança no comportamento da época, diz respeito a escolaridade da população. No século XIX, mesmo com as melhores expectativas, apenas 12% da população mundial era alfabetizada e, que nesse índice estavam inclusos homens e mulheres.


No entanto, em épocas anteriores, 88% nunca tiveram a oportunidade de acesso à educação escolar. Não sabiam nada de suas próprias existências quanto mais da existência do mundo que estava à sua volta. Tudo o que sabiam deles e dos outros estava baseado nas suas próprias experiências (e que eram poucas) e do fruto de sua própria imaginação.

Mas nem tudo eram espinhos. Dos 12%, 2 a 3% formavam a elite letrada (literários, médicos, juristas, enfermeiros, industriais, professores etc) e considerados como “mentes geniais”. E eram eles quem lideravam uma revolução que fez surgir a “sociedade de mercado” nova e efervescente que, por sua vez, fez o mundo levantar voo e chegar a patamares inimagináveis.


A urbanização consolidou a organização dos movimentos sociais e esse modus vivendi de total desapego se mostrou perigoso ao Estado. Campanhas reforçaram o valor da estabilidade, do casamento, de quartos separados, de sexos separados, de camas individuais, de famílias em casas separadas com no mínimo dois quartos, etc. Camadas isoladas da sociedade se opunham ao veiculado. E tudo que era liberado anteriormente visava, agora, um controle de proximidade e da possibilidade da visualização do ato proibido, como era a masturbação. É verdade que, em menos de um século, a humanidade passou por muitas sujeiras e tragédias para encontrar um novo rumo.


IMAGENS: Google

domingo, 23 de dezembro de 2018

FELIZ NATAL

 Que neste Natal encontremos a paz, a união, 
o amor e a tranquilidade tão necessárias 
a nossas vidas, e...


... que estes sentimentos sejam nossos 
maiores e melhores presentes.

domingo, 16 de dezembro de 2018

CONQUISTAS FEMINISTAS DO SÉCULO XIX


As mulheres que lutavam pelo voto, também lutavam para conseguirem alguns direitos:

1) poderem fazer campanhas sobre a interdição das uniões livres - este direito se diferenciava das épocas anteriores no sentido de que naquela época, as práticas matrimoniais eram definitivas e cristalizadas no pensamento popular.


2) poderem fazer campanhas sobre o controle da natalidade - que passava a ser uma preocupação social e das famílias -  Mas o controle de natalidade desaparecia porque quanto mais pessoas trabalhassem, mais a família ganhava.


3) difusão patrimonial - Nas aldeias, as pessoas se casavam com os habitantes locais e o patrimônio familiar circulava apenas nas aldeias, passando das mãos de uns para os outros. Já nas classes operárias, portanto mais urbana, o patrimônio adquirido pelo matrimônio tornava as relações mais sólidas e mais duradouras, impedindo que os patrimônios fossem parar em outras mãos.


4) o direito ao desquite – Antes, apenas a morte de um dos cônjuges permitia a separação do casal. Agora, esse pedido podia ser feito com menos burocracia.


5) requerer a paternidade dos filhos – Antes os maridos saiam premiados, pois não assumia qualquer responsabilidade pelo fruto de suas aventuras extramatrimoniais. A mãe era onerada e acabava tendo que sustentar o filho sozinha e pagando o preço pela “desonra” de ter um filho “bastardo”.

6) requerer a revogação da punição dos filhos “ilegais” – Dado como certa a paternidade, os filhos de aventuras extramatrimoniais passavam a ser reconhecidos como filhos naturais e o pai devia cumprir o dever de auxiliar na sua educação moral, social, financeira e escolar. Mas muitos descumpriam esta ordem judicial e não havia punição para tal, cabendo às mães todos os ônus dessa tarefa.


imagens - Google

sábado, 8 de dezembro de 2018

POR QUE O LUTAR PELO VOTO FEMININO?



As sufragistas (como eram chamadas as feministas que lutavam pelo poder de votar) entenderam que precisavam de leis que regulamentassem as horas abusivas de trabalho, os salários baixíssimos, os assédios sexuais e estupros que as operárias sofriam por parte dos patrões sob as ameaçadas constantes de perderem seus empregos. As sufragistas sabiam que não podiam contar apenas com os votos masculinos, todos muito machistas e que não queriam abrir mão de seus privilégios.

Para conseguirem o que pretendiam, sabiam que não seria fácil. Por isso, as sufragistas sofreram muito, mas não se deixavam abater. Encontravam-se em lugares diferentes e sempre às escondidas para discutirem os problemas, traçarem planos de ação e decidirem as estratégias das manifestações. Mesmo assim, alguns maridos e patrões as denunciavam à polícia. 

As manifestações de rua sempre eram pacíficas, no entanto, eram atacadas pelas polícias locais que agiam com brutalidade. As sufragistas eram presas, torturadas e mortas, em alguns casos.                   

Nietzsche
No início desta onda, as mulheres marchavam sozinhas. Com o passar do tempo, alguns homens entraram para o movimento e as apoiavam nas manifestações. Por isso, esses homens foram chamados de “cabeças ocas” por Nietzsche - um filósofo conservador e um homem machista, intransigente e autoritário.


Aos poucos, as manifestações pelo voto foram ganhando força. Espalharam-se pelos Estados Unidos e pela Europa toda e, posteriormente, seu clamor atingiu todos os cantos do mundo. 

A Nova Zelândia foi o primeiro país a liberar o voto feminino em 1893, na década final do século XIX. Todos os demais países da América e da Europa, aceitaram o voto feminino apenas no início do século  XX.                                                                                  


Imagens Google.

domingo, 2 de dezembro de 2018

AS ONDAS FEMINISTAS


O movimento feminista começou em meados do século XVIII, nos Estados Unidos, reconhecida por muitos historiadores como a “primeira onda feminista”. À princípio, as mulheres queriam romper com a opressão masculina que vinham sofrendo ao longo do tempo. 


O movimento feminista foi um movimento organizado por mulheres que, revoltadas com a situação que ocorria dentro das indústrias, decidiram por erguer sua voz. Usavam argumentos reformistas, afirmando que se sentiam como “propriedades móveis” dos maridos a quem deviam ser subordinadas como se fosse uma condenação pelo simples fato de serem mulheres.

Mas também queriam se mostrar como pessoas e cidadãs, defendendo além da igualdade entre homens e mulheres, pedindo a liberdade e o  direito a educação de qualidade, justificando que as sociedades não podiam abrir mão de metade da população adulta, formada por mulheres capazes, ativas e participativas. Nos Estados Unidos, acrescentavam ainda a luta pela libertação dos escravos.


Era um grupo de reivindicações que estavam entaladas na garganta das mulheres há milênios. Por isso, essa luta onde muitas coisas eram pedidas à sociedade, essencialmente masculina e machista, parecia terminar em nada.

No entanto, suas vozes se fizeram ouvir. De concreto, surgiram mudanças os contratos de casamento, o fim dos casamentos arranjados e um novo olhar para os sentimentos das mulheres, embora estas conquistas só fossem postas em prática no início do século XIX.


Uma segunda onda começou nas décadas finais do século XIX e foi até os anos iniciais do século XX. Uma onda feminista de caráter “político” e que trouxe grandes mudanças. Desta vez, as mulheres se uniram para lutar pelo direito de votar que, até então, somente era permitido para os homens brancos e ricos que dominavam os poderes públicos. Além do voto, era preciso afirmar e reafirmar sempre a igualdade entre homens e mulheres. E lembrar que as mulheres eram (e ainda são) tão racionais, morais e responsáveis quanto eles.


Nos Estados Unidos, as manifestações feministas ligavam-se a outros fatores históricos além dos já citados acima, como por exemplo, o fim da escravidão vigente naquele país.

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terça-feira, 20 de novembro de 2018

OS CÓDIGOS CIVIS DO SÉCULO XIX


O código civil (de vários países do século XIX) retratavam a sociedade da época: conservadora e patriarcal, mesmo os homens continuando a ter mais direitos que as mulheres, apresentavam ares de modernidade. Devo esclarecer que os dados aqui apresentados formam um resumo de todos os Códigos Civis do século XIX.

A EDUCAÇÃO FEMININA

As mulheres eram educadas para o casamento, com os afazeres domésticos e os cuidados com os maridos e filhos.

Apenas uma pequena elite tinha acesso a alfabetização. Na melhor hipótese, apenas 12% das mulheres eram alfabetizadas no mundo todo. Mas elas não tinham conhecimento de sua própria existência, nem do mundo ao seu redor. Contavam apenas com experiências pessoais e suas próprias deduções. No entanto, desde o final do século XVIII, os índices de mulheres que estudavam estavam em franco crescimento.

O CASAMENTO 


Segundo o Código do século XIX, o casamento era entendido como a “união estável entre duas pessoas com o intuito de constituir uma família”.

Como “união estável” significava que a união deveria durar pela vida toda. E considerava a família, como um grupo formado pelo pai, mãe e filhos. A união estável tinha como objetivo de trazer a possibilidade do convívio diário e sob o mesmo teto os dois indivíduos, numa relação de afeto e amor. Os filhos, os originários dessa família eram considerados “legítimos”.

Embora existissem outros tipos de ligações (como os concubinatos, os incestos e as uniões livres), os núcleos assim formados não eram considerados “famílias” e estavam sujeitos ao desprezo social. E os filhos gerados nesses não eram legitimados. 

Eram consideradas “atitudes vergonhosas” a masturbação, os incestos, o controle da natalidade e a infidelidade conjugal, principalmente para as mulheres. Para os homens, tudo era perdoável.

EDUCAÇÃO DOS FILHOS



A criança era tida como um instrumento a ser formado, tendo como objetivo o avanço familiar. Portanto, cabia às famílias o “resguardo da invasão e da pressão social”.  Ou seja, visava a proteção das crianças contra as mudanças dos preceitos morais no sentido da privacidade educativa, do refinamento dos hábitos sociais e civis e da melhoria das condições de higiene. Era, sem dúvida, uma grande novidade para a época.

Assim, para cumprir esses os objetivos os pais precisavam ter uma maior aproximação com os filhos. Logo, com mais afinidades e afetuosidade, baseadas em conversas amistosas, folguedos, brincadeiras, abraços e beijos. Estas atitudes passaram a ser comuns. No entanto, após a segunda metade do século, conservadores começaram a ficar incomodados com essa afetuosidade toda.

Inspirados na Psicanálise de Sigmund Freud, que começava a se destacar no cenário científico, passaram a criticá-la, alegando que a proximidade entre pais e filhos influenciava a curiosidade infantil sobre a sexualidade e incentivava o incesto. Esses conservadores levaram ao conhecimento da sociedade alguns casos (reais ou inventados) de incestos cometidos pelos pais.

A sociedade reagiu negativamente, fazendo com que houvesse uma mudança no Código Civil: a lei da anti-masturbação. A partir daí os pais estavam proibidos de se aproximarem do corpo dos filhos, com a justificativa de que “o corpo do filho era propriedade dele”. Diante disso, os pais se afastaram novamente e as relações entre pais e filhos voltaram a ser superficiais. Mas não eram apenas nas relações, mas em tudo como a separação do quarto dos pais e dos filhos; havia o quarto dos meninos e outro das meninas; as camas eram individuais etc. Mas nada mudou em termos da quantidade de incestos cometidos, a curiosidade infantil sobre sexualidade e a prática da masturbação continuavam.

Como nada havia mudado, a Igreja, a medicina e pais se organizaram em movimentos sociais e faziam campanhas que apregoando o desapego de tudo. E pouco a pouco, esses movimentos foram se consolidando. Porém, criavam um desapego perigoso ao Estado.

Novas campanhas exatamente opostas ao isolamento foram realizadas com o objetivo de valorizar a estabilidade no trabalho, no casamento e da separação dos sexos, para conter o desequilíbrio que estava se formando e afetando não ó as famílias, mas muitos setores da sociedade.

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

LIBERALISMO X RELIGIÃO


No século XIX, o liberalismo e religião eram termos opostos e controversos. Por um lado, o liberalismo apregoava a liberdade para tudo. Do outro lado, a religião exigia a uma contenção dos desejos e vontades baseada na moral e nos bons costumes, ou seja, convidavam homens e mulheres a refrearem sua sexualidade. As ações implícitas, em ambos os termos, atuavam em campos distintos e fechados entre si.


Mas, apesar de tudo, os avanços aconteciam. E o século XIX assistiu uma nova prática das relações sexuais. No relacionamento idealizado entre pais e filhas e mães e filhos, Sigmund Freud descobre o complexo de Édipo. E o mundo já não se surpreendia com as novas descobertas. Apesar das mudanças, o mundo vivenciou um “moralismo exacerbado” apregoado pelas Igrejas que acreditavam e defendiam a visão e o compromisso com o mundo moderno.
Os religiosos mais liberais ficaram conhecidos pela negação dos dogmas da doutrina cristã e pela modernização dos evangelhos afirmando que eles não combinavam com o mundo científico. Sendo assim, qualquer cristão poderia questionar as verdades absolutas (dogmas) como questionavam as verdades científicas, porque tudo “era preciso ser confirmado” pela experimentação.
As Igrejas cristãs se sentiram na obrigação de combater tal atitude. Os liberais, embora aceitassem a autoridade e a divindade do Cristo, combatiam os preconceitos culturais espalhados pelas Igrejas. E através dessa disputa onde cada um puxava a “brasa para a sua sardinha”, as Igrejas afirmavam que a FÉ era algo que não podia ser medido ou verificado cientificamente e os liberais descobriram que os clérigos excêntricos estavam mascarando essa fé e afirmavam que enquanto pregavam a doutrina faziam coisas diferentes na vida pessoal, como por exemplo, descumpriam o celibato.

E como foi resolvido esse conflito? Segundo Mateus (16.19, 18.18) a Igreja era a única instituição capaz de ligar ou desligar a figura do Cristo aos indivíduos na terra. E por isso, era reconhecida. Mesmo sendo autoritária e inflexível, levava o Evangelho a todos, incluindo aos que não acreditavam nelas. E podiam fazer alguns ajustes para conviver com o mundo moderno. Deste modo, passaram a proclamar a felicidade através da leitura da Bíblia e comunicar que as necessidades essenciais e pessoais precisavam de uma adequação dos pedidos de Deus e ao Cristo para manter a felicidade. Com isso, as Igrejas mostravam-se com uma visão mais tolerante com as livre-escolhas (arbítrio) das pessoas. E as pessoas passaram a adorar a Deus e ao Cristo, segundo sua vontade.


Mas como conseguiram que as Igrejas cedessem deixando de serem tão intransigentes?


Apesar de muitas conservas, ás vezes bastantes acirradas, a POLÍTICA foi a chave para esse impasse. A Política se torna uma instituição, cujo cunho era baseado na autoridade de um magistrado, com dever era proteger a vida, as liberdades, as propriedades e as relações de cada um por meio de um contrato social. No entanto, se esse magistrado falhasse em suas decisões, cada pessoa poderia recorrer reclamando seus direitos ou “clamar a Deus por justiça”. E os liberais e as Igrejas acharam que esta era uma forma justa, pois não seria mais uma decisão unilateral.

Os países europeus mais ricos da época trataram logo de emitir um documento que ficou conhecido pelo nome de CÓDIGO CIVIL e falaremos dele na próxima postagem.

terça-feira, 30 de outubro de 2018

AS CONDIÇÕES DE TRABALHO no séc XIX

A industrialização expandiu-se no século XIX. E esse desenvolvimento se tornou a marca do “mundo civilizado”, chegando a um nível diferenciado em comparação com os séculos anteriores. O desenvolvimento industrial foi uma verdadeira revolução não só no meio produtivo, mas nos comportamentos, os costumes e na maneira de se encarar a vida. E se por um lado a industrialização trouxe muitos benefícios também trouxe consequências, como:

EVASÃO DO CAMPO


Até o final do século XVIII, 85% da população vivia no campo. Lá a vida era dura. Embora plantassem, o dinheiro era pouco, porque como já vimos, o transporte dos produtos era ruim. 

Transportados por carroças puxadas a cavalos, os produtos alimentícios chegavam às cidades em más condições e muito caros, porque mais da metade dos produtos já estavam estragados.

Os produtores estavam sempre endivi-dados porque recebiam muito pouco. Nas cidades, o custo dos alimentos era escasso, caro e de qualidade ruim. 

Havia fome, na cidade e no campo. Por isso, muita gente que vivia no campo migrava para as cidades. E em pouco tempo, as cidades estavam abarrotadas de gente, que procuravam uma ocupação nas indústrias para sobreviver.

JORNADA DE TRABALHO

Nas indústrias, a jornada de trabalho era dura e desumana. Os chefes de famílias trabalhavam de 12 a 18 horas diárias e seus salários eram baixíssimos. Dessa maneira, os trabalhadores não tinham vida fora do trabalho e continuavam não podendo garantir o sustento e a sobrevivência familiar.

Desse modo, os chefes de famílias permitiram que suas mulheres tralhassem nas indústrias para tentarem ter uma condição de vida um pouco melhor. E elas foram. Faziam o mesmo trabalho que os homens, com a mesma jornada, mas recebiam a metade do salário dos maridos.

ACIDENTES

Muitas mulheres casadas não tinham com quem deixar os filhos. Na época e com essa justificativa, era permitido que elas os levassem para o trabalho porque não haviam leis que regulamentasse o tra-balho e protegesse a classe operária.

Criança é criança, indepen-dente da época em que vivem. E como toda criança, não passavam o dia todo quietas. Elas queriam brincar, correr por entre as máquinas e mexer nelas. Embora a vigilância fosse intensa por parte das mães, bastava um momento de distração, que as crianças aprontavam alguma arte. Muitas se machucavam. 

Alguns acidentes eram leves, outros mais perigosos como perder um dedo, a mão, arrancar os cabelos até a raiz. Algumas outras, perdiam a vida. Nestes casos, os proprietários das fábricas não se responsabilizavam por pequenos ou grandes acidentes que as crianças sofriam, e ainda descontavam dos salários, as horas paradas e gastas no socorro das crianças.

TRABALHO INFANTO-JUVENIL


Para prevenir acidentes, as indústrias passaram a contratar as crianças e adolescentes. A justificativa era a de que trabalhando as famílias poderiam ter mais um dinheirinho com qual contar. E era comum ver-se famílias inteira nas fábricas. 

Os adolescentes recebiam metade do salário das mães e as crianças (dos 9 aos 14 anos) recebiam metade do salário dos irmãos adolescentes para o mesmo trabalho e o mesmo tanto de horas trabalhadas. O dinheiro era pouco, mas ajudava.O trabalho era insalubre, sem cuidados de segurança, pesado e duro.

REGRAS X LEIS


Embora não houvessem leis que regu-lassem o trabalho dos adultos e do traba-lho infanto-juvenil, as fábricas tinham regras. 

Era eram regras rígidas e cada fábrica tinha as suas próprias regras. Por exem-plo: tinham hora de entrada no trabalho, mas variava de acordo com cada proprie-tário. No entanto, não tinham uma hora certa para deixar o trabalho. 
Em muitas indústrias, cada operário tinha uma tare-fa a cumprir e podiam deixar o trabalho depois de cumprí-la. Outras, deixavam os operários trabalharem até a exaustão para liberá-los.Essas regras podiam ser modificadas a qualquer momento, visto que nessa época, não haviam leis que regulamentasse o trabalho ou o direito dos trabalhadores.

FISCALIZAÇÃO DO TRABALHO


Quando a indústria era pequena, normalmente o proprietário fiscalizava seus operários.
Quando era uma fábrica maior, em geral, o proprietário indicava um filho, um parente ou na falta deles, um empregado mais antigo para fiscalizar os demais. Essa fiscalização era mais em relação ao comportamento do que apenas sobre o serviço realizado. 

Na questão do comportamento os operários não podiam deixar o serviço para bater papo, brincar com o colega, tomar um café ou água, comer alguma coisa ou ir ao banheiro mais que duas vezes ao dia. Até olhar para o lado por alguns minutos, olhar pela janela, dar uma volta pelo local de trabalho, reivindicar melhorias do trabalho ou de salário, não podia, porque tudo era proibido.

Mulheres gestantes não tinham folga. Só paravam para dar à luz e tinham apenas um dia de recuperação sem desconto. Do contrário, era considerado falta e descontada do salário. Enquanto isso, os proprietários enriqueciam a olhos vistos.

ASSÉDIO SEXUAL e MORAL


                                       
Muitas crianças de 14 anos ou mais, adolescentes jovens, mulheres solteiras ou casadas eram assediadas sexualmente por seus patrões sob a ameaça da perda do seu emprego ou por promessas de melhoria dos salários. Muitas viviam em extrema pobreza e se sujeitavam acreditando nas promessas feitas. Mas depois, compreendiam que isso não aconteceria.

As que se recusavam eram perseguidas pelos patrões, xingadas e depreciadas em seu trabalho diante de todos colegas. Muitas chegavam a serem espancadas pelos patrões por sua recusa. Na maioria das vezes, este comportamento patronal era usado para servir de exemplo para as outras operárias e para que eles pudessem assediá-las com mais facilidade.

Muitas vezes, a situação ficava tão insuportável, que elas desistiam do emprego sem dar satisfação à ninguém. E mesmo que dissessem o que lhes acontecia, sairiam sem receber seus salários por não haver leis que regularizassem as “indenizações” como existe hoje.

terça-feira, 16 de outubro de 2018

AS MULHERES DO SÉCULO XIX

Até meados do século XIX, as pessoas ainda conservavam os padrões sociais dos séculos anteriores. O objetivo das mulheres continuava sendo o casamento, ter muitos filhos e cuidar da casa e da família. E para isso eram educadas.


As solteironas viviam às custas dos irmãos, mas eram consideradas pessoas “non gratas”. Eram tratadas como um “peso morto”, mas que tinham de suportar. No entanto, as que resolviam se sustentar sozinhas e trabalhar para sobreviverem, eram mal vistas. A estas, restavam duas opções: ser governanta e receber um salário irrisório ou trabalhar nas indústrias e ser a “chacota” de todos, principalmente, de outras mulheres (beneficiadas pelo “casamento”). 


Naquele tempo, mesmo sendo permitido, qualquer trabalho realizado pelas mulheres fora de casa era um “ultraje social”, uma afronta aos costumes e uma quebrava os padrões sociais. O único trabalho feminino reconhecido era o de “dona de casa” e aos homens cabia o trabalho fora de casa.


Se por acaso, uma mulher fosse vista próxima a uma máquina em funcionamento, já era motivo para muitos comentários. Se operasse uma máquina então, logo sentiam os olhares de reprovação, de desdém, ouviam as zombarias e comentários sarcásticos ditos cara a cara ou pelas costas, por outras mulheres. Algumas mulheres, mais inflamadas, incontidas e indignadas com a visão de uma mulher trabalhando, atiravam-lhes ao rosto uma série de insultos, como por exemplo, dizendo-lhes que aquele trabalho era contrário aos “instintos naturais femininos” e que elas eram as culpadas dos homens perderem a admiração pelas mulheres. 

Outro ultraje social era ver uma mulher ganhando um salário (mesmo que irrisório) por trabalhar como enfermeira. Isto porque essa função era exercida pelas esposas gratuitamente. 


Ultrajante também, era saber que as mulheres estavam estudando. Foi um tempo de muita desconfiança, principalmente das mulheres que sabiam ler, escrever e fazer contas. E, por isso, eram alvos de mexericos e ofensas. Essas coisas sempre haviam sido redutos masculinos no consenso geral.

No entanto, muitos pais procuravam ensinar as filhas a ler, escrever e contar ás escondidas. Sabiam que elas precisariam das letras para melhorarem a vida delas e de suas famílias. Esses pais, muitas vezes, não conseguiam diferenciar o “a” do “o”, mas tinham uma visão além de seu tempo e não queriam que suas vivessem ou levassem a vida que sempre levaram.

E o tempo foi passando. As coisas começaram a melhorar para o setor da enfermagem após a segunda metade do século XIX. Nos Estados Unidos, em 1860, FLORENCE NIGHTINGALE trabalhando como enfermeira percebe as contradições que esse trabalho oferecia. Por isso, funda a “Nightingale School of Nursing” (Escola de Enfermagem Nightingale) e regulariza a profissão. 


Foi uma atitude ousada essa de Florence. Mas trouxe uma perspectiva nova para o trabalho feminino. Além desta escola, os Cursos de Enfermagem foram abertos pelo mundo afora. E elas, agora, podiam estudar e exercer a profissão mais abertamente. Mas por que não ir além? Por que não alçar novos voos? Quem sabe talvez... frequentar os cursos de MEDICINA? E para surpresa geral, algumas mulheres se inscreveram no Curso de Medicina. No começo eram poucas, mas muito ousadas. E sofreram muito por tal decisão. 


Os cursos de Medicina (assim como outros cursos) eram essencialmente redutos masculinos. Os professores, vendo uma mulher na turma, davam a elas os piores e os trabalhos mais difíceis com o intuito de provar sua incapacidade, de humilhá-las e fazê-las desistir. 

Durante as aulas, as mulheres não podiam opinar, sugerir ou discordar, sem que ouvissem inúmeros comentários desagradáveis e frases cheias de segundas e terceiras intenções. As menos ofensivas é que “deveriam estar em casa lavando pratos”, “que estudar não era coisa para mulheres”, ou “que as mulheres preferiam e confiavam mais em médicos (homens) do que em médicas”. E muitos outros comentários iguais ou piores que estes, eram ditos por seus colegas e professores.

As resistências eram enormes pela simples presença feminina e que não conseguiam suportar e desistiam. As desistências estimulavam a professores e colegas a serem mais rudes e deseducados com as que ficavam. Poucas chegavam até o final do curso, pela força de vontade, fazendo-se de surdas, aguentando as agressões e os impropérios, marcaram a vida das mulheres do mundo todo com a esperança de novos rumos e mostrando que as mulheres eram capazes de ir mais longe.


Uma dessas poucas mulheres corajosas e audaciosas foi a italiana Maria Montessori, que depois de formada se especializou em deficientes intelectuais (outra ousadia, já que os deficientes intelectuais não tinham a mínima condição de sobreviverem). Montessori fundou uma escola para eles (A CASA DEI BAMBINI) e criou um método especial que, além de ensinar os conteúdos escolares, ensinava também a aquisição de hábitos de higiene pessoal, do ambiente e a autonomia dessas crianças. 

Historiadores contam que, em 1881, no reinado da rainha Vitória, a Grã-Bretanha sediou um Congresso Internacional de Medicina. Vários médicos de renome foram convidados como palestrantes sobre seus estudos e descobertas na área médica. Porém, as inscrições femininas foram proibidas. A justificativa foi, que a rainha e sua corte, não viam com bons olhos o fato de mulheres estudarem Medicina ou exercerem qualquer tipo de profissão.

terça-feira, 9 de outubro de 2018

O LIBERALISMO DO SÉCULO XIX (1800 a 1900)

Apesar das dificuldades que as pessoas do século XIX viviam, o LIBERLISMO foi o grande marco desse século. O liberalismo foi um movimento iniciado por um grupo de pensadores europeus. Baseados na observação de como os burgueses da Revolução Francesa iam em busca dos seus interesses e de como progrediam na vida. Esses pensadores percebiam nessa busca de um objetivo por meio de suas próprias inciativas ou por seus próprios recursos, Com isso, modificavam o ambiente a sua volta e criavam muitas possibilidades na relação dos homens com o mundo. Os pensadores percebiam uma certa “felicidade” nessa busca e nas suas conquistas.


Os pensadores perceberam que esse comportamento dos burgueses era completamente diferente do comportamento das pessoas de épocas anteriores. As pessoas corriam atrás de seus objetivos e interesses pessoais e não estavam mais submissas às vontades das igrejas ou dos monarcas. Descobriram também que a individualidade de cada um, com seus desejos e interesses diferenciados, trazia uma nova maneira de encarar o mundo.

Era uma ação que envolvia uma certa RAZÃO de ser e de se comportar dessa maneira. E quanto mais buscavam, mais queriam conhecer, melhorar e modificar o mundo. E isto fazia a sociedade local se desenvolver, progredir e melhorar junto. Perceberam que, quanto mais liberdade e igualdade havia, mais queriam que o coletivo melhorasse.

Comparando esse comportamento com o das pessoas de épocas anteriores chegaram à conclusão de que, homens e mulheres, deviam ser livres e iguais. E que os governos deveriam permitir essa igualdade e liberdade em benefício da própria sociedade, já que um mundo de oportunidades se descortinava. No entanto, nem todos pensavam dessa maneira, apesar do senso comum quanto aos valores, a liberdade, a razão, a individualidade e a igualdade.


O liberalismo foi uma ótima oportunidade de desenvolvimento dos povos e das atitudes masculinas mais arrojadas. Porém, essa parcela da sociedade tinha uma grande dificuldade de entender a liberdade feminina, apesar de vê-las de modo diferente: como companheiras de jornada e não mais como um ser submisso. Os homens aceitavam que as mulheres podiam escolher casar ou ficarem solteiras, sem que fossem rebaixadas ou condenadas por isso.

A ala mais conservadora da burguesia passou a ficar incomodada com uma porção de coisas que as mulheres podiam fazer uma porção de coisas que não faziam antes, como estudarem e trabalharem fora de casa. E muitas vezes as mulheres eram recriminadas ou mesmo impedidas de fazer o que desejavam. Diante das liberdades femininas os homens mais conservadores perdiam o rumo e ficavam indecisos sobre o seu papel na sociedade e na família.


E eles pensavam: Se antes o homem eram o provedor da família e agora com elas trabalhando fora, o provedor é quem? Elas ou eles? ou, se perguntavam quem era o chefe familiar: elas ou elas? Quanto a autoridade a quem cada um devia obedecer? E como ficaria se os homens tivessem que obedecer às ordens femininas?

Pois é. O liberalismo deu um nó na cabeça dos homens do século XIX. Os homens temiam que as mulheres passassem a dominá-los  e tomassem os seus privilégios. Em outras palavras estava em jogo o papel do homem e o papel das mulheres numa sociedade ainda muito machista. E houve uma grande e demorada discussão a esse respeito.

Finalmente, concluíram que:
1- Às mulheres cabia o papel de esposas e, consequentemente, da maternidade era ponto indiscutível e definitivo.
2- Homens e mulheres poderiam escolher seus parceiros e as relações sexuais passariam a ser importantes entre o casal.
3- Ter filhos se tornou algo muito importante.

Dessa discussão toda resultaram em consequências que não ajudaram muito às mulheres, tais como: as esposas deviam acatar as ordens dos maridos que permaneciam como chefe familiar. O cuidado com o marido e com os filhos e a educação destes ficava a cargo da mulher. Quanto dessas mulheres estudarem e trabalharem fora, dependeria de um acordo entre o casal. As mulheres estéreis passaram a ser repudiadas. O adultério feminino era desabonador por serem consideradas “complemento do homem”.


Na sociedade, apesar dos direitos que lhes eram conferidos, as mulheres que saíam sozinhas para passearem, davam margem à fofocas e comentários desagradáveis. O voto era indiscutivelmente próprio do comportamento masculino, com a desculpa de as mulheres não entendiam de política. Nas Artes, podiam até aprender e fazê-las como passatempo ou para decorar a casa. Viver de sua arte, não podiam.

Como vimos, poucas coisas mudaram no século XIX. As mulheres cerceadas em muitas coisas e a maioria se acomodou nos novos papéis sociais. Mas algumas se rebelaram.

Destacaram-se na pintura: (usando apenas o sobrenome como forma de driblar a sociedade que permanecia sobre o domínio masculino), porque de outra forma não vendiam seus quadros: HARRIET POWER (1837 a 1910), EUA, especializada em retratando os escravos africanos de seu país, em aquarela; BERTHE MORISOT (1941 a 1895) – FRANÇA - pintura a óleo; EVELIN B. LONGNAN (1845 a 1890), EUA – pintura a óleo; MARY CASSAT (1845 a 1926), esposa de Degás – pintura a óleo; TINA BLAU (1847 a 1916) – ÁUSTRIA - pintura a óleo; ELISABETH T. BUTLER (1848 a 1920) -  INGLATERRA - pintura a óleo; OLGA LAGODA SHISHKIN (1850 a 1881) -  RÚSSIA - pintura a óleo; HERMINE von PREUSCHEN (1854 a 1919) – ALEMANHA - pintura a óleo; MARY E. DIGMAN (1857 a 1938) - CANADÁ - pintura a óleo; LOUISE ABLEMA (1858 a * ) - FRANÇA - pintura a óleo e aquarela; CAMILLE CLAUDEL (1863 a 1943) -  FRANÇA - pintura a óleo; LOUISE DE HEM (1866 A 1922) – BÉLGICA - pintura a óleo; dentre outra.

Na fotografia destaque para: JULIA MARGARET CAMERON (1815 a 1879) – EUA. Na escultura, destaque para: HARRIET HOSNER (1830 A 1908) – NORUEGA; BEATRIZ POTTER (1866 a1943) – EUA; ADÉLIA JONHSON (1895 a 1941) – EUA, dentre outras. Na moda, a estilista ROSA BONHEUR (1822 A 1899) – FRANÇA é o destaque.