OBJETIVO DO BLOG

Este blog tem por objetivo orientar os pais que possuem filhos entrando ou vivenciando a adolescência. De orientar também os professores que lidam com eles diariamente,para que possam compreender suas dificuldades e ajudá-los ainda mais, pois, esta é uma fase complicada na vida dos jovens e, muitos pais e professores não sabem como agir diante de certas atitudes desses jovens. Pais e professores encontrarão aqui informações de médicos, psicólogos e teóricos sobre a educação dos adolescentes.

sexta-feira, 31 de março de 2017

AS POSSIBILIDADES DO TRABALHO FEMININO


Há em nossa sociedade a crença de que o lugar da mulher é no lar e desempenhando as tarefas domésticas. É uma crença baseada numa combinação complexa de características pessoais, idade, escolaridade, estado civil, a presença de filhos, ciclo de vida e estrutura familiar. Embora esta ideia seja arcaica para o século XXI, ela ainda prevalece. Porém, quando a situação econômica aperta, a mulher é liberada para ajudar no reajustamento econômico.


Estudos e estatísticas tem mostrado que nas últimas sete ou oito décadas, as mulheres têm tido uma formação maior e até com mais empenho que seus pares masculinos e que elas estão capacitadas para o desempenho de funções diferenciadas, além das tarefas domésticas e cuidados com suas famílias sem prejuízo em cada uma dessas funções.

Novos estudos também tem mostrado que a inserção da mulher no mercado de trabalho tem aumentado significativamente a cada ano. E maior essa participação principalmente nas regiões urbanas de todo o país. No entanto, embora a atividade masculina (64%para eles) tem se mantido estável nesse período, enquanto para as trabalhas o percentual é de apenas 36%.

A participação dos trabalhadores no mercado brasileiro segundo a idade e a condição de sexo e cor revela diferenças sensíveis entre homens e mulheres. Independentes da idade ou da maturidade, 97% dos homens se mantém ativos após os 40 anos. Já as mulheres, ao contrário, atingem o ápice percentual dos 24 aos 40 anos, e depois, os índices percentuais vão caindo quando elas atingem mais idade.


Contudo, o mercado de trabalho para as mulheres, difere de região para região no Brasil. No Norte e Nordeste a preferência é dar empregos a pessoas casadas e mais velhas. Já nas outras regiões a preferência é pelas mais jovens e solteiras.

Qual a razão desta diferenciação entre as regiões brasileiras? A resposta encontrada em alguns estudos é que as mulheres mais velhas e casadas estão mais dispostas a enfrentar as dificuldades relacionadas com as responsabilidades profissionais e familiares que as mais jovens.

Será que as mulheres das outras regiões não são conseguem conciliar essas responsabilidades? Novos estudos e seus autores revelam que, por causa das seguidas crises econômicas pelo qual nosso país tem passado, as famílias ficaram mais pobres e as mulheres se mobilizam buscando rendimentos complementares, seja no mercado formal ou informal.

Na verdade, o julgamento da mulher trabalhadora é sempre o mesmo não importa quantas décadas passem. Ninguém dá valor à nossa formação ou capacidade. Está mais que na hora de virarmos o jogo, de mudarmos essa condição independente de nossa idade, estado civil, maternidade e etc.

terça-feira, 14 de março de 2017

A MULHER E O TRABALHO NO BRASIL

Só para recordar, o trabalho feminino sempre esteve ligado aos serviços domésticos e a cuidar do marido e dos filhos. Nessas funções, as mulheres tiveram que “engolir” seus sonhos e vontades por muitos séculos. Mas aos poucos, foram tomando consciência e passaram a querer um pouco mais. Durante os períodos de crises econômicas pelas quais o Brasil vivia, a participação feminina foi fundamental. 

No entanto, o que restava para as mulheres eram os serviços de faxina em alguma empresa ou casas de famílias mais abastadas, pois segundo os diretores das empresas, era apenas o que sabiam fazer. Haviam ainda os trabalhos de costureira, bordadeira, lavadeira e passadeira de roupas, doceiras que as mulheres faziam em casa após os serviços domésticos habituais.


Após muita luta conseguiram frequentar a escola e se formar como ”professora”, curso apelidado de “espera marido”. Até a década de 1960 era raro encontrar uma figura masculina no “Curso Normal de Formação de Professores”.

Embora as mulheres brasileiras tivessem autorização para frequentarem cursos superiores desde o ano de 1879, as que conseguiam entrar e terminar o curso eram muito criticadas pela sociedade. A maioria das mulheres só passou a frequentar esses cursos após a década de 1940. E com a possibilidade de estudo as mulheres não perderam a oportunidade. Avançaram em cursos técnicos ou universitários. É bem verdade que eram bem poucas as mulheres que tinham a coragem de enfrentar os preconceitos bobos e machistas dos cursos essencialmente masculinos.


Durante as crises econômicas pela qual o Brasil passou naquela época, as mulheres tiveram que auxiliar na complementação da renda familiar. As mais instruídas trabalhavam como escriturárias, telefonistas ou recepcionistas (trabalho que exigia boa aparência e elegância) e enfermeiras. Já as mulheres menos instruídas trabalhavam em casa, após os serviços domésticos de rotina, para complementar o salário familiar e tentar conseguir o sustento de cada dia. Eram as costureiras, bordadeiras, lavadeiras e passadeiras de roupas, doceiras etc. Nas zonas rurais, o trabalho na roça e no corte da cana eram os trabalhos em mulheres eram admitidas.


Já na década de 70, houve uma transformação na sociedade. Além da complementação da renda familiar, houve um outro motivo: o surgimento de novos produtos e das promoções que eram feitas para vendê-los. Este motivo redimensionou o conceito de necessidade econômica e lançou o comportamento do consumo que atingiu todas as camadas sociais. Surge o desejo de “querer ter”, com objetivos diferenciados de acordo com a camada social que cada pessoa pertencia. Nas classes mais abastadas o motivo desse “querer ter” era mais uma questão de status. Os melhores produtos, as viagens para o exterior era uma ostentação de suas riquezas.

Nas classes médias, o “querer ter” era visto como a possibilidade da ascensão social, de obter dignidade e de respeito. E para isso, trabalho fora de casa, com carteira assinada, era essencial. E foi o início da participação feminina no mercado de trabalho brasileiro. Com a aceleração do ritmo da industrialização, da urbanização crescente e do e do crescimento econômico dos anos 70, as mulheres passaram a ser contratadas para diversos cargos. As mulheres passaram a trabalhar como tecelãs nas indústrias de tecidos, como assistentes de laboratórios clínicos, como costureiras nas indústrias de confecção, como montadoras nas indústrias de artigos elétricos, “pespontadeiras” (aquelas que dão pontos nas solas dos sapatos masculinos) nas indústrias de calçados, etc.

Apesar da consolidação da industrialização e a modernização das indústrias, aumenta a desigualdade social e da concentração de renda. Por outro lado, a transformação do comportamento e do papel social das mulheres permaneceu e se intensificou com os movimentos feministas, o que favoreceu maior oferta de emprego para as trabalhadoras. No entanto, trabalho feminino nunca apareceu nas estatísticas. Não havia (como ainda não há) a preocupação com a jornada dupla que as mulheres trabalhadoras enfrentavam no dia a dia.

Na década de 1980, uma nova crise econômica assola o país. A inflação e o desemprego aumentam. E quando é mais necessário o trabalho da mulher, elas são as primeiras a serem demitidas. A falta de capacitação não foi o motivo principal das demissões das trabalhadoras nessa época, mas pelo fato de serem mulheres.

Foi então que as indústrias de confecção começaram a crescer. E cresceram tanto na época, porque davam serviços de costura para as mulheres de baixa renda e da classe média baixa para que trabalhassem em casa, ou seja, um trabalho terceirizado. O trabalho em grande quantidade, com uma data entrega bastante apertada e com o pagamento bem pouco. Mas a iniciativa foi copiada em todo o território nacional.

Embora esse trabalho terceirizado fosse marcado pela heterogeneidade, por ser uma atividade não organizada e de baixa produtividade, foi algo novo, dinâmico e moderno de recuperação do mercado de trabalho por impulsionar o comércio, os serviços bancários e financeiros, os setores públicos e por evitar uma queda acentuada do nível de desemprego. Esse trabalho acabou contribuindo para a mudança nos setores primários e secundários da economia do país, entrando para a história como um mecanismo importante para os ajustes do mercado de trabalho durante o período de crise, permitindo que o Governo pudesse adotar políticas de emprego em estados e municípios menos desenvolvidos, como o Norte, o Nordeste e o Centro-Oeste.


Apesar disto tudo, o trabalho feminino nunca recebeu os devidos créditos por sua força, porque todos os estudos feitos até então, sempre ressaltam sobre a ausência da mulher ao dar a luz e dos gastos que as empresas precisam gastar nessa ocasião. Mas nunca aceitaram que o papel da mulher é fundamental para o mercado de trabalho.