OBJETIVO DO BLOG

Este blog tem por objetivo orientar os pais que possuem filhos entrando ou vivenciando a adolescência. De orientar também os professores que lidam com eles diariamente,para que possam compreender suas dificuldades e ajudá-los ainda mais, pois, esta é uma fase complicada na vida dos jovens e, muitos pais e professores não sabem como agir diante de certas atitudes desses jovens. Pais e professores encontrarão aqui informações de médicos, psicólogos e teóricos sobre a educação dos adolescentes.

domingo, 21 de setembro de 2014

PERTENCER

Nas décadas finais do século XX, várias conferências aconteceram em várias partes do mundo para discutirem os direitos das pessoas deficientes. Essas discussões foram longas e demoradas. Por fim, em 1994, na cidade de Salamanca (Espanha), todos os governos se viram obrigados a tomar providências práticas para que os deficientes tivessem seus direitos preservados.

Acessibilidade, educação e capacitação profissional foram (e continuam sendo) os direitos mais comentados. Mas existem outros  direitos implícito nessa declaração e que são pouco divulgados pelos governos, pelas ONGs, pela mídia porque não estão claramente expressos nos documentos. Por isso, muitos abusos ainda são encontrados.

O DIREITO DE PERTENCER



Todos os seres humanos ingressam num grupo familiar ao nascer. Óbvio, não é mesmo? Mas, nem todos os seres humanos sentem que pertencem a esse grupo por causa de certas atitudes. Uns se percebem pouco queridos ou rejeitados; outros, recebem toda sorte de agressão física ou verbal; alguns são considerados como as “ovelhas negras” da família; outros, são “os bodes expiatórios” das mazelas familiares e assim por diante.


PERTENCER é muito mais do que ESTAR no grupo. Pertencer é ser tratado como igual, ter as mesmas oportunidades, participar de tudo na vida familiar, ter o direito de expressar ideias, pensamentos, de extravasar sentimentos e de poder desenvolver habilidades que o preparem para a vida como acontece com os demais membros.



E se a discriminação acontece entre pessoas não deficientes, imaginem o que acontece quando ela está presente. Cegos, surdos e deficientes físicos podem ser poupados ou impedidos de se desenvolver plenamente, fazendo com que se sintam distantes do grupo familiar. Isto acontece por causa da forma como o grupo vê suas limitações. Mas, ainda assim, sofrem menos que os deficientes intelectuais.

Os portadores de deficiência intelectual, por possuírem um funcionamento cerebral mais lento que o comum, são considerados como inúteis, incapazes e, na maioria das vezes, como um fardo pesado.

Na relação com os deficientes intelectuais forças contraditórias se confrontam constantemente, como por exemplo: amor X ódio; vergonha X culpas, razão pela qual muitos deficientes intelectuais ainda permanecem marginalizados no interior do grupo familiar. Uma marginalização que pode ser verificada por restrições espaciais, por impedimentos na expressão de ideias, pensamentos e sentimentos ou por cobranças aquém ou além de suas capacidades.

Este antagonismo de forças data de muito longe. Forças que foram criadas a milênios e que foi sendo incorporadas ao comportamento humano. E  apesar dos conhecimentos que temos hoje, ainda nos deixamos levar por elas. É o que C.G. Jung chamou de “inconsciente coletivo”.

Nos primórdios da espécie humana, os povos eram nômades e dependiam de pessoas sadias para manter a sobrevivência da espécie. Dessa maneira, qualquer um que apresentasse uma deficiência era morto ou deixado para morrer à mingua. Na Idade Antiga, os deficientes intelectuais eram vistos como impuros por forças diabólicas e demoníacas. Uma impureza que trazia vergonha para a família e todos e seus descendentes. Na Idade Média, o advento do cristianismo trouxe uma mudança no modo de pensar. E o comportamento humano ficou mais humanizado. E em vez de matar, os deficientes eram deixados na “roda dos enjeitados” onde ficavam sob a tutela de padres e freiras.

Dessa época para cá, os conhecimentos e a modernidade transformaram o mundo. Mas os sentimentos mudaram muito pouco. Ficaram camuflados pela pressão social e justificados pelos sentimentos “de amor e de proteção”. E em nome desses sentimentos muitas barbaridades são cometidas.

Mais que ter um filho cego, surdo, manco ou paralítico, saber que é deficiente intelectual ainda produz nas pessoas sentimentos de vergonha, de incômodo e de culpas inconscientes, arraigados em cada um de nós e que são produtos do inconsciente coletivo.

Muitos grupos familiares ainda procuram “esconder” os deficientes intelectuais dos olhares de outras pessoas. Acreditam que agindo dessa maneira os estão protegendo. No entanto, provocam o isolamento, impedem aprendizagem e o contato social.

Mas, o direito de PERTENCER não se restringe apenas ao grupo familiar. Os deficientes devem sentir que pertencem do grupo escolar, da classe e da turma. Muitas escolas acreditam que, por permitirem a presença de deficientes intelectuais dentro de seus muros ou da sala de aula, estão promovendo o sentimento de pertencimento. Mas, não adaptam os currículos, não oferecem atividades condizentes com as limitações e capacidades desses alunos. E se o fazem, nas provas cobram os mesmos conteúdos dados aos demais. Mas, nestas circunstâncias, o que a escola faz é INCLUIR simplesmente.


PERTENCER é mais que INCLUIR. É integrar o sujeito deficiente intelectual de tal forma que ele se sinta parte do grupo. Que se sinta amado e respeitado em suas limitações e em suas capacidades pelo grupo. Um sujeito que pertence ao grupo não sofre bullying, tão comum nas escolas.


O mesmo acontece no trabalho. Uma empresa não deve contratar um deficiente apenas para cumprir uma exigência governamental e preencher um certo número de vagas da cota. Mas, para aproveitar seu poder de concentração diante de uma tarefa e de uma ação incansavelmente metódica.


Na vida em sociedade, os deficientes são cidadãos como outro qualquer. Com direitos e deveres como todo mundo. E uma sociedade que acolhe os deficientes como iguais não maltrata, não ultraja e não discrimina por seus estigmas ou por suas limitações. 

Deficientes intelectuais casando      -       medalhista em natação         


Portanto, garantir o direito de pertencer aos diversos grupos é obrigação de todos.



                                                 atuando como atores


bale realizado por deficientes intelectuais

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

DO QUE OS DEFICIENTES PRECISAM?

Toda criança, deficiente ou não, precisa basicamente de amor, carinho, alimentação, asseio pessoal e de cuidados médicos quando necessitarem. Mas, também precisam de regras claras e limites bem definidos.

A disciplina é uma das grandes preocupações que afligem todos os pais. Quando se fala em regras e limites logo se pensa em pais autoritários, que impedem a liberdade de ação das crianças e de falta de amor. Engana-se quem pensa desta forma.

Disciplinar é um ato de amor e de proteção. Colocar uma regra é estabelecer o que as crianças podem e o que elas não podem fazer. Quando as crianças não sabem o que podem e o que não podem fazer, fazem de tudo um pouco: gritam, agridem, desobedecem e testam a paciência dos adultos em qualquer lugar. E as regras são fáceis de serem colocadas. Basta dizer que NÃO PODE fazer determinada coisa. E uma vez estabelecida hoje, não pode ser modificada ou esquecida amanhã ou depois, porque  estará feliz ou cansado.


O estabelecimento dos limites está voltado para o bem comum e ao respeito ao próximo.  Ninguém pode agredir ao outro só porque ficou nervoso ou porque não conseguiu o que pretendia. E a criança que cresce sem limites não respeita ninguém e, mais tarde, não respeita as leis.

Uma criança bem educada e comportada é bem vista e bem aceita em qualquer lugar. Já a criança mal educada, que não sabe se comportar é evitada. 

Com as crianças deficientes é a mesma coisa.

O estabelecimento das regras e limites não precisa ser feito com gritos, surras e castigos. Fale baixo e firme de modo que a criança entenda que você está falando sério. Se você não afrouxar ou esquecer das regras e dos limites colocados, em pouco tempo eles estarão com um comportamento exemplar. Não esqueça de dar o exemplo, pois você é o modelo que eles têm e tudo o que você fizer será imitado ou copiado por seus filhos.


Tratando-se de crianças com deficiência (surdas, com problemas visuais ou com deficiência física) devem ser tratadas como qualquer criança sem deficiência, pois são capazes de compreender perfeitamente o que se ensina.

As crianças com deficiência intelectual, por terem um funcionamento cerebral um pouco mais lento, demoram um pouco mais para aprenderem. É preciso que se repita mais vezes.

Tenha sempre em mente alguns pontos importantes:

O primeiro ponto é o de que a idade mental dos deficientes intelectuais não corresponde com a idade cronológica. Normalmente, a diferença entre essas idades é de 2 (ou mais anos) a baixo dessa idade. Por exemplo: Se a criança tem 8 anos, seu entendimento e comportamento será, no mínimo, o de 6 anos (ou menos). Portanto, observe o comportamento de seu filho e exija dele, ações pertinentes a idade mental e, JAMAIS, pertinentes a cronológica. E não espere resultados imediatos.

O segundo ponto é NÃO PENSAR NO TRABALHO que terá ao ensiná-lo. Ao contrário, pense nos BENEFÍCIOS que isto trará a seu filho.

Caso precise chamar a atenção, NUNCA o faça quando estiver NERVOSA OU IRRITADA. Seja firme e constante, fale baixo e em particular, mas deixe claro que VOCÊ NÃO GOSTOU da atitude dele. NUNCA DIGA que não gosta dele, ou que aquela atitude fará você amá-lo menos.  Isto evita estados de ansiedade.

Caso a falta tenha sido grave e precisa de correção (castigo), lembre-se que para estas crianças, tudo precisa ser imediato e que seu raciocínio é concreto. NUNCA DIGA: “Amanhã você não assistirá a televisão”, “Á tarde você não irá mais ao parque”, “Você não irá ao passeio da escola na semana que vem”. Esses termos são muito distantes e abstratos para a compreensão dessas crianças.


AVERIGUE os motivos que o levaram a desobedecer uma regra ou a um comportamento indesejado. NÃO ASSOCIE CASTIGO com o dormir, comer, estudar, ler e outras coisas importantes e que devem ser prazerosas.

NÃO DÊ SERMÕES porque quando chegar ao meio, seu filho já esqueceu o motivo da repreensão. Os deficientes intelectuais não conseguem fazer a relação causa-efeito, por isso, precisam de ações imediatas.

Quando tiver um comportado adequado, RECOMPENSE com um elogio, com abraços e beijos, com uma bala ou bombom para reforçar esse comportamento.


E, quando menos esperar, você terá muitas alegrias e sentirá muito ORGULHO desse filho.