Toda pessoa sonha com um filho sadio, bonito, bem educado e com um futuro brilhante a sua espera. No entanto, esse sonho fica mais forte e mais presente no momento em que há uma gravidez na família. Não são apenas sonhos femininos. Há também os sonhos masculinos (do pai), dos avós e tios próximos. Mas vamos nos ater aos sonhos do casal.
Os sonhos pessoais do pai e da mãe se misturam e se integram em projetos para o futuro do bebê. Torcer pelo mesmo time do pai, ser doutor (a) como deseja a mãe, ser inteligente e tirar boas notas na escola, ser uma pessoa bem sucedida na vida, são exemplos de alguns desses sonhos.E eles crescem e adquirem mais força a cada mês durante a gestação. Sonhos que são sempre recheados de muita ansiedade.
Enfim, chega o momento do parto e o bebê nasce. Pouco depois, chega a noticia de que o bebê é portador de uma deficiência física, sensorial ou intelectual. E o mundo desaba. Evidentemente, uma notícia dessas é sempre um choque.
E a partir desse momento, o casal passa por fases.
1ª fase- NEGAÇÃO DO FATO
A reação inicial é de incredulidade. Uma reação comum, previsível. Afinal, ninguém está preparado e a "ficha" não cai de imediato. É preciso ver para crer. E diante da irremediável certeza, outras reações são igualmente comuns e esperadas: choro abundante, revolta, rejeição e visão pessimista do futuro.
2ª fase: LUTO
É como se os pais recebessem a notícia do óbito do bebê. Não do bebê real, mas do bebê idealizado e tão esperado. Isto porque os sonhos e os planos tecidos durante os meses de gestação ruíram. O bebê que imaginavam já não existe mais porque a realidade é outra e bem diferente. Esse luto tem a duração alguns dias.
3ª fase: CULPA.
Nesta fase, os pais acreditam que fizeram algo de errado e estão sendo punidos por isso. Com ou sem motivos é assim que sentem ao buscar uma explicação, em si mesmos, para o fato real. Outras explicações como a de erros genéticos, falta de oxigenação cerebral, demora no parto, hereditariedade não fazem sentido para eles.
4ª fase: ACOMODAÇÃO ou CONFORMAÇÃO
Com o bebê em casa, o instinto maternal aparece. A princípio, é uma reação meio sem vontade. Mas, em virtude das necessidades de alimentação, higiene e de outros cuidados, as mães passam a descobrir os "encantos" do pequeno ser e começam a reagir. Já com os pais a acomodação não é tão rápida. É uma fase que não tem um tempo definido para terminar. Pode ser breve, longa ou perdurar a vida toda.
5ª fase: INQUIETAÇÃO
As explicações que não faziam sentido na terceira fase, agora passam a fazer. Indicativos desta fase é a busca médica. Não se contentam com a opinião de um só médico, mas fazem questão de várias opiniões. Buscam também o auxilio de vários terapeutas. Leem muito sobre o assunto seja na internet ou em livros específicos. Querem um esclarecimento mais preciso sobre o que aconteceu com o filho.
6ª fase: ACEITAÇÃO
Agora, já conscientes do "porque" aconteceu a deficiência do filho, estão aptos a aceitarem a deficiência do filho. A aceitação não é uma tarefa fácil. A aceitação supõe um trabalho de reforma íntima pessoal, consciente e incondicional não só com relação a pessoa do filho, mas a sua deficiência e a todas as consequências que advém dela.
Nem sempre os pais chegam na fase da aceitação. Uma grande quantidade chega a inquietação e retorna para a fase da conformação. São aqueles que cuidam, levam aos médicos e terapeutas, batalham contra certos preconceitos, mas não conseguem aceitar plenamente a deficiência. Amar um filho deficiente e aceitar a deficiência do filho são coisas distintas.
Pai e mãe podem estar em fases diferentes, como por exemplo, a mãe pode estar na fase da inquietação e buscar ajuda profissional enquanto o pai ainda está na fase da negação chorando e lamentando a morte do filho idealizado. O contrário também é verdadeiro. Quando isto acontece, os casais se desentendem, brigam e o casamento termina. Na maioria dos casos, o homem procura construir uma outra família enquanto que as mulheres ficam com os filhos deficientes.